POESIA DO VENTO


Por Joaquim A. Rocha 



desenho de Rui Nunes




ADOLESCENTE

 

Quando eu era adolescente

altamente enamorado,

buscava no bosque encantado

uma certa luz reluzente

que na noite, de repente,

 brilhava, brilhava, brilhava…

nunca mais a luz se apagava!

Era a gata borralheira,

que logo pela vez primeira,

trapo estrela experimentava.

Casei com ela, e depois,

nasceram os antónios, joões,

as sofias e gabrielas;

agora já não sei qual delas

amo mais… e me reparto

em carinho, bofetões,

em meiguices, supetões,

à espera de outro parto.

Por este andar já não sei

se fiz certo ou errei

ter-me casado com ela.

O tempo, esse maroto,

que me viu, quando garoto,

apaixonado e atrevido

vê-me agora inibido,

perdido e amargurado,

solteiro, estando casado,

sozinho e acompanhado,

desejando fugir para longe,

deixar o mundo, qual monge,

dedicar-me à oração;

de gente, tornar-me cão

e de cão ave de rapina;

depois raposa ladina,

 árvore de porte distinto,

de branco tornar-me tinto,

 cor que não haja no mundo;

viver como vagabundo

na terra de meus avós,

percorrendo o infinito,

sem sair de ao pé de vós,

vestido de lenda e mito!

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