POESIA DO VENTO

Sonetos do Sol e da Lua


Por Jar




PREFÁCIO

 

     Este é o meu segundo livro de sonetos. Quando escrevi o primeiro jamais me passou pela cabeça que seria capaz de escrever o segundo! É óbvio que uns sonetos são mais conseguidos do que outros, são mais profundos, mas apesar disso de todos eles eu gosto. Os leitores terão as suas preferências, farão as suas críticas, positivas e negativas, vão certamente compará-los com os sonetos dos grandes poetas, mas isso é a tendência geral dos humanos. Todas as obras, sejam na pintura, escultura, na literatura, etc., terão os seus defeitos; esta não será com certeza a exceção. Procurei fazer o melhor que sabia, não me exijam mais.  

     A poesia não é uma arte fácil, pois – tal como outras - exige saber, o qual só se pode conseguir através de muita dedicação e esforço. Alguns indivíduos terão veia poética, mas falta-lhes a técnica e a arte. Há obras publicadas em verso que se podem considerar prosa delirante versificada: não têm rima, não têm métrica, não têm arte, têm apenas palavras! Chamam-lhe poesia, da mesma maneira que os bracarenses chamam abrunhos aos fatões, não são, como é óbvio, fruta da mesma espécie, mas confundem-na, talvez por terem uma cor semelhante, pois a forma é bem distinta. // Poder-se-á afirmar, sem errar muito, que a maior parte dos humanos não aprecia a poesia. E porquê? Será que não a compreende? Quanto a mim, a razão desse afastamento deve-se à preguiça mental. Ler um poema como deve ser lido, com profundidade, obriga a esforço e concentração; depois vem o prazer, o deleite.       

AUSÊNCIA

 

Quando me dirijo a ti, titubeio,

Não sei se ficarás triste ou alegre,

Se entrarás no meu sombrio casebre,

Fundida no sonho em que me enleio.

 

Sei bem que não sou bonito nem feio,

Nem consigo que outrem a mim se agregue;

Nem monge que somente a mim pregue,

Ou alma que colha o que eu semeio.

 

Sou corpo que se arrasta em lodaçais,

Semente que jamais germinará;

Terreno impróprio para semear.

 

Nasci só para te ver, nada mais…

Ares, minhas entranhas queimará

No fogo que se ateia no teu olhar.


// continua...

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