OS MEUS SONETOS E OS DO FRADE
Por Joaquim A. Rocha
A CAMINHO DA GUERRA
Naquele
triste vinte de Janeiro,
Com
correntes fortes, amordaçado,
Cabisbaixo,
o peito destroçado,
Parte
sofrendo o fraco guerrilheiro.
Manhã
fria, manhã de nevoeiro,
Desenha
a silhueta do soldado:
Estatura
média, adelgaçado,
Um
andar pacato, olhar ordeiro.
Sobe,
a chorar, os degraus do paquete,
Do
bolso das calças um branco lenço
Agita
num gesto de despedida;
Com
a mão esquerda brande o barrete.
Depois,
já no navio, perde o senso…
Cai
sobre a intransponível bastida!
MORTE NA SELVA
Surgiu
quase como uma aparição,
Trazendo
na cabeça grande pote,
Entre
os dentes cerrados um chicote,
No
peito magro, forte maldição.
Dirige-se,
com raiva, ao capitão,
Com
voz rouca, vinda da glote,
Num
desafio bravo, grave mote:
«Deixai minha terra, sagrado chão!»
O
oficial, surpreso e furibundo,
Não
querendo crer naquilo que ouvia,
Afasta
com vigor o corpo imundo.
Ali
perto cantou a cotovia…
O
negro ser despediu-se do mundo,
Em
África findava mais um dia!
// continua...
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