SONETOS DO SOL E DA LUA
Por Joaquim A. Rocha
// continuação...
VENCIDO
Não
busquei fortuna, nenhum prazer,
Quando
deixei a terra em que nasci.
Quantas
saudades aí a me prender,
Porém,
cobarde e néscio, eu parti.
Alimentando
sonhos, fui correr
Os
mil lugares que a outrem sorri.
Sedento
de vida, quis sorver
O
néctar que na visão antevi.
Depois
de sofrimentos inauditos
Só
trago no saco o pão dos pobres,
E
no peito a mágoa dos proscritos.
Terra
minha! Acolhe-me em teus seios…
No
bolso só tenho uns míseros cobres;
E
na alma corre um rio de receios!
O
MOINHO
No
cimo da alta e íngreme serra
Jaz
um moinho triste e adormecido,
Rasgaram-se
as velas, o teto está caído,
O
velho que ali vive vale perra.
Triturou
sem descanso nesta terra,
Morreu
sem dor, apenas um gemido,
Lançado
do seu peito carcomido,
Como
soldado que tomba na guerra.
O quadro faz lembrar a minha sina,
O
meu não viver, o terrível fado;
Tal
como o moinho, estou parado...
Tenho
a força d´uma frágil bonina.
Rosto
fraco, coração magoado,
Sou
no mundo uma simples ruína.
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